No princípio era o ...
6 Janeiro 2007
Ouvi o ranger da porta e 2 vultos se aproximaram, era ele e um outro. Fiquei ali, inerte... Fixaram-me, esboçaram um sorriso, deram meia volta e saíram. Porque teriam eles ido ali? o que procuravam...? Deixei-me entorpecer por um pseudosono que receava aprofundar. “Será que voltam?” “Ponho-me a andar?” “Escondo-me?”. O som do bar da cave produzia uma oscilação sísmica ritmada na minha cama. Conseguia olhar para as restantes camas; uma luz de candeeiro penetrava pela única janela de madeira que não selava os raios artificiais. Toalhas no chão, roupa aos montes, malas abertas, garrafas vazias, sapatos, muitos sapatos e o seu típico odor. O lugar tornava-se sombrio, uma ameaça constante. Mas não podia ir para outro lado. Sair dali a essa hora seria uma loucura, só o amanhecer acalmaria tudo isto. E tentei “amanhecer-me”-não pensar.
Informei-me acerca de tours organizados pela pousada; nesse dia só mesmo um Christ tour, mas o tempo estava mau. Optei por sair à Rua. Tive o meu primeiro contacto, a solo, com o tão famoso Calçadão de Copacabana. Absolutamente maravilhoso quando olhei no sentido Ipanema. Andei uns 300 m estupefacto com o contraste de colinas vs mar e fiquei-o mais ainda quando olhei para trás e avistei o Pão de Açúcar. Deixei-me vaguear até o Arpoador - Ipanema - Leblon; aproximadamente 6 km em 1:15. Dei-me por satisfeito e regressei.
Ouvi o ranger da porta e 2 vultos se aproximaram, era ele e um outro. Fiquei ali, inerte... Fixaram-me, esboçaram um sorriso, deram meia volta e saíram. Porque teriam eles ido ali? o que procuravam...? Deixei-me entorpecer por um pseudosono que receava aprofundar. “Será que voltam?” “Ponho-me a andar?” “Escondo-me?”. O som do bar da cave produzia uma oscilação sísmica ritmada na minha cama. Conseguia olhar para as restantes camas; uma luz de candeeiro penetrava pela única janela de madeira que não selava os raios artificiais. Toalhas no chão, roupa aos montes, malas abertas, garrafas vazias, sapatos, muitos sapatos e o seu típico odor. O lugar tornava-se sombrio, uma ameaça constante. Mas não podia ir para outro lado. Sair dali a essa hora seria uma loucura, só o amanhecer acalmaria tudo isto. E tentei “amanhecer-me”-não pensar.
O dia surgiu. Aparentemente estava íntegro e dei-me por satisfeito Estava decidido a mudar de pousada porque se havia lugar onde me queria sentir seguro era a dormir. Mas já tinha pago 5 dias e foi então que ponderei tudo muito bem. Não tinha visto os tais vultos de novo, mas a incerteza reinava e eu tinha que começar a aproveitar.
O café da manhã tomei-o às 8.30- era servido até ao meio-dia no terraço do hostel: um bar repleto de taças de barro com fruta, pão variado, croissants, goiabada, mel, presunto (ou seja, fiambre), queijo, leite, sucos, muitos sucos, café e um calor resplandecente. Do lado oposto ao bar havia uma piscina circular com os seus 2,5 m de diâmetro, que servia basicamente para por o bacalhau de molho, ou melhor, para não o deixar secar...
Conheci as primeiras pessoas: as do bar, Uma das que servia o desjejum era um Alentejano que tinha ido para o Brasil (sim isso mesmo) e encontrava-se lá porque ainda não tinha arranjado emprego definitivo. "Ao menos aqui tenho onde dormir e comer", disse-me ele. "Os/as hospedeiros/as" que lá trabalhavam tinham todos entre 18 e 28 anos, eram malta nova, com um espírito fantástico; dormiam connosco nas camaratas, davam informações, trocavam experiências e conviviam com todo e qualquer hóspede que por lá entrasse, viesse ele do Japão ou do Quebec.
O café da manhã tomei-o às 8.30- era servido até ao meio-dia no terraço do hostel: um bar repleto de taças de barro com fruta, pão variado, croissants, goiabada, mel, presunto (ou seja, fiambre), queijo, leite, sucos, muitos sucos, café e um calor resplandecente. Do lado oposto ao bar havia uma piscina circular com os seus 2,5 m de diâmetro, que servia basicamente para por o bacalhau de molho, ou melhor, para não o deixar secar...
Conheci as primeiras pessoas: as do bar, Uma das que servia o desjejum era um Alentejano que tinha ido para o Brasil (sim isso mesmo) e encontrava-se lá porque ainda não tinha arranjado emprego definitivo. "Ao menos aqui tenho onde dormir e comer", disse-me ele. "Os/as hospedeiros/as" que lá trabalhavam tinham todos entre 18 e 28 anos, eram malta nova, com um espírito fantástico; dormiam connosco nas camaratas, davam informações, trocavam experiências e conviviam com todo e qualquer hóspede que por lá entrasse, viesse ele do Japão ou do Quebec.
Uma filosofia de vida difícil de entender- optar pela insegurança de um emprego efémero de sobrevivência, sem saber o que o amanhã os reserva. Quando estive em Cesky Krumlov-República Checa em 2005 conheci um couchsurfer ("Surf no sofá"-vide mais à frente) brasileiro que tinha simplesmente posto uma mochila aos ombros rumo à Europa. Disse-me ele que foi para a Europa Central, porque era o local onde menos implicavam com vistos e com os demais aspectos burocráticos. Veio sem nada, nada e havia conseguido emprego numa pousada; agora conhece pessoas dos 4 quantos do mundo (não fosse ele redondo, ou perto disso) e VIVE.
Mas afinal, no meio disto tudo, quem é que sobrevive? E quem é que vive? Perguntas com as quais eu próprio me questiono ainda hoje.
Viver é ter luxos ou será que o maior luxo é Viver? [ ]
Mas afinal, no meio disto tudo, quem é que sobrevive? E quem é que vive? Perguntas com as quais eu próprio me questiono ainda hoje.
Viver é ter luxos ou será que o maior luxo é Viver? [ ]
Conheci o Marcos, um paulista com formação em Psicologia, a trabalhar actualmente na Petrobras. Um cara muito bacana com o qual viria a estabelecer uma forte amizade. Ele optou por tirar uns dias de férias. No entretanto conheci um grupo fabuloso de Australianos (Chris, Jackie, Kath)
Da esquerda para direita: Marcos, Kath, Chris, JackieInformei-me acerca de tours organizados pela pousada; nesse dia só mesmo um Christ tour, mas o tempo estava mau. Optei por sair à Rua. Tive o meu primeiro contacto, a solo, com o tão famoso Calçadão de Copacabana. Absolutamente maravilhoso quando olhei no sentido Ipanema. Andei uns 300 m estupefacto com o contraste de colinas vs mar e fiquei-o mais ainda quando olhei para trás e avistei o Pão de Açúcar. Deixei-me vaguear até o Arpoador - Ipanema - Leblon; aproximadamente 6 km em 1:15. Dei-me por satisfeito e regressei.
Liguei para a Mariana nessa tarde, a couchsurfer que tinha contactado por mail em Portugal. Propus-lhe um café e a resposta superou tudo: fui convidado para ir no Milano D.O.C.- Rua Gomes Carneiro, Ipanema, com a sua mãe e tia!!
Mas afinal o que é isso do Couchsurfer???