Ibiza- a cores

Agora que escrevo de uma ligação aceitável aqui vai um resumo dos últimos 13 dias
12 Agosto

Para esta viagem de férias, concretamente falando, partiram 3 das terras de Basto: Eu, Joel e Luís. A primeira reunião pré-partida foi realizada na véspera no Enjoy, o Tasco em Gandarela city. Foi aí que a confrontação do material embalado foi posta frente a frente. Levas o essencial?Ou seja o menos possível para não pesar nas costas. Quanta mais comida melhor! É bagagem útil que diminui com o apetite e a terra para onde vamos não tem boa fama em preços...

Paragem em minha casa, nessa mesma noite, a ultimar os preparativos após 3 maracujás portugueses

Manhã acordada, fomos os 3 com a Ju ao volante (namorada do Joel) até ao aeroporto e embarcámos na Ryanair, naquele a que viria a ser um voo com muitos buracos na estrada.

Às 13.00 já estávamos nós em Madrid com o voo de ligação a Ibiza às 22.00, daí termos optado por ter uma 1ª impressão da cidade centro via metro, transporte eficientíssimo a fazer juz ao nome (ao contrário do nosso Melectrico portuense. Puerta del Sol, Plaza Mayor, El Estadio Vicente Calderón e muito calor, muito calor. Ah, não esquecer as indicações em panfleto dadas ao Joel de como desfutar Madrid:)

Feitas as apresentações Ibiza-23.20!

A saída do avião. Calor com a humidade em alta, a fazer lembrar um clima tropical. O nosso autocarro de ligação para a nossa terriola fazia-se às 8.00 logo tivemos que abancar nos assentos do aeroporto e testar a nossa aptidão para dormir fosse onde fosse. Sem dúvida que viria a ser o lugar mais confortável que arranjámos!

Entramos no autobús 24 que ligava o Aeroporto a Es Canar- Calla Nova. A ilha por dentro mostrava-se árida, solo vermelho, seco, construções desconexas de puro betão sem atender a ornamentos exteriores. Nos placards publicitários não se viam marcas de champô, mas predominantemente, melhor somente alusões a discotecas e respectivas festas. "Space, Privillege, Pacha, Amnesia- Carl Cox, fiesta de la spuma,...)
Es Canar é uma pequena localidade que pertence ao município de Santa Eularia des Riu, situada no nordeste da ilha de Ibiza e a nordeste da cidade de Ibiza, onde a tranquilidade é mais evidente, e os preços de alojamento mais convidativos - não fosse esta uma zona de camping.

Passo 1- montar a tenda. Cá está ele o verdadeiro Manager (desta já não te safas- o nome aqui dado deriva do facto de termos criado uma conta comum com depósito na pochete do Joel- na hora da "paga" o nosso manager lá tratava do assunto com um ar de empresário: puxava da nota e dizia "Pago tudo!").

De seguida vieram as nossas primeiras latinhas-de comida. Trouxe-se o camping gaz, mas a botija não, por ser anti-law, dai que foram mesmo assim fresquinhas.

Daí até à noite fez-se um reconhecimento dos preços e por não acreditarmos fomos apagando a sede como podíamos.

Seguimos para o "Apache", o bar da zona, onde ao longe se via "Amnesia meeting point" e adivinhava-se que este seria o sítio.

Após a primeira rodada quisemos sentir o quão descalços ficaríamos e pedímos a conta logo depois. Foi então que o Chris, o homem da chefia disse "take it easy, you're in Ibiza...".

Acho que foi a partir daí que o nosso ritmo lentificou. Tudo era feito na paz... para andar uns 400 metros demorava-se meia hora. Acordava-se e "Ah", ía-se para a praia e "Ah".

15 Agosto

Visitámos a cidade de Ibiza. Fomos de bus até lá, uns 25km de Es Canar. A cidade em si não vale muito, durante o dia vê-se muito pouca gente, a praia (Talamanca) é bem frequentada mas a água e areia um pouco turva. Passamos pelo bairro antigo- Dalt Vila e depois fomos checkar as companhias de transfers para Mallorca e Formentera.

Nos dias seguintes fomo-nos aclimatizando, o Luís quase sempre dormia fora da tenda e eu o Joel acordávamos as 9.00 a suar em bica. No dia 16, após termos dado com o bar das 3 esquinas, o local de encontro dos eivissianos, bem escondido, fomos conhecer a noite de Ibiza. Aquilo à

no bus no El Divino

noite sim, é qualquer coisa. Um movimento fora de série; autênticas passerelles em tudo o quanto é sítio, muita pipoka estaladiça e o cheiro a dinheiro que tresanda no ar. A noite na Pacha era convidativa e uma menina estava na rua a vender tickets a 60 euros sem consumo. Eu disse vamos ver o esquemorio, pode ser que se arranje mais barato. O que é certo é que em menos de 1hora esgotou tudo, já não havia maneira de lá entrar e fomos para por isso ao El divino. Festança acabado saímos por volta das 5 horas e como o bus de regresso era dali a 2 horas galhámos no primeiro canto sossegado que vimos: na relva; ó maravilha!

No dia 18 fomos até Formentera, uma das 2 ilhas Pitiusas que pertencem às Baleares. Paradisíaca por sinal como já referi no post anterior. Com muita motoreta para alugar.

Nos dois dias seguintes frequentámos a Amnesia, considerada a melhor disco em 2006, através do bar Apache. 30 euros pagos e 2 entradas garantidas, transporte incluído e 1 hora de bebidas à descrição mesmo antes de partir para lá. Fantástica, sempre com lotação esgotada!
Da primeira vez fomos em jipes, a fazer parecer um safari. Na segunda como os jipes do bar esgostaram o Chris falou um chinoca que para lá ia de carro para nos levar e que depois trataria de contas no dia seguinte. Um mundo um pouco à parte, onde o cansaço não existe, pelo menos para alguns. Fiquei com a curiosidade de saber a que horas fecha aquela coisa gigante.
Os dias seguintes eram de repouso, praia e relax.


Segui-se um dia de pura agitação: bike tour. Alugámos umas Trek's numa agência em Es Canar para o ida. O Joel alertava "Eu nem sei o que vou lá fazer", mas o que é certo é que chegou Sant Carlos onde marfámos meio pito, um bifalhão e uma pizza (Joel, Luis, Je, respectivamente) sob a sombra de um chaparro.
O Joel optou por descansar para o camping e eu e o Luís fizemos estrada pelas praias de ses Figueirales, platja de sAigua´Blanca e Calla de San Vicent, esta última, sem dúvida de uma beleza indescritível. Seguiu-se uma subida de 9 km por asfalto onde por 2 vezes demos indicações a scotters que vinham ao engano até ao extremo norte da ilha, cuja preocupação major era encontrar um posto de gasolina. metemo-nos depois por um trilho de Btt propriamente dito, inicialmente assutador, por parecer um trajecto de down hill.

Saliento um episódio caricato: estávamos nós já em cima da hora e com alguma pressa à mistura, fui perguntar a uma rapariga que ciclava também na via pública qual a direcção para Es Canar. ela de início disse que precisava de um mapa e eu retribui-lhe a dizer que o tinha. Não entendi, mas o que é certo é que ela começou a andar a pé com a bike ao lado sem me dizer nada. Medo? o que é certo é que fui atrás dela. Uns 30 metros depois ela junta a bike dela a um sinal de trânsito e envolve-lhe o cadeado... "estranho, devia ter receio que a roubasse"pensei. Perguntei-lhe depois por onde ir e apercebi-me que ela não fazia a mínima ideia onde estava. Pusemo-nos por isso à estrada e agradeci. Quando olhei para trás estava ela a pedir boleia a pé. No mínimo bizarro...

O que é certo é que chegámos a horas certas à agência- 21.00 em ponto. Esse dia deu-se por terminado já que o cansaço e o joelho do Luís davam sinais. Nessa noite choveu 2-3 horas fortesito e estando os 3 dentro da tenda não saímos.


Já andava a "chocá-la": uma dorzita de garganta e uns arrepiozitos foram o sinal para o que viria a ser uma amigdalite majestosa. O que é certo é que esse meu dia foi sonâmbulo e mesmo tendo ido até Sant Antoni de Portmani para ver o por do sol no Cafe del Mar optei por regressar mais cedo, tomar umas "pastilhas" e descansar. Dormi cerca de 11 horas. Fiquei sem saber como o sol dança ao se por em Sant Antoni, por isso para estas informações só mesmo com o Joel/Luis.
Dia 23, dia de regresso, recuperamos a tenda montada, eu pouco fiz-período de convalescença e as 23.55 fomos de avião Ibiza-Madrid onde pernoitamos mais uma noite bem junto às escadas rolantes no terminal 2 do aeroporto de Barajas. Às 10.00 despedimo-nos do Joel, que regressou mais cedo e logo depois eu e o Luís fomos para o centro tentar arranjar dormida. Ficamos numa pousada de juventude do marcenario perto da calla de aguillera, em Argüelles (metro). A estadia com cama, lençóis e pequeno-almoço ficou mais barata que 1 noite no campismo em Ibiza.
Ainda ressentido das minhas amigdalas visitamos um pouco de Madrid. Templo de Debod, Palácio Real, Museu de Antropologia, estação Atocha, Museu del Padro, parque do buen retiro, plaza de Sant Ana à noite, e para culminar um flamengozinho da Compañia Antonio Marquez-Fiesta flamenga, la vida breve, Bolero- no teatro Albéniz.

A relatividade do tempo bem aqui presente: a tangente no check in a contrastar com as 2 horas de atraso de voo logo após representam bem a escolha da velocidade com que se pode viver. Impressionou-me a diária de uns "rastas" do camping de Ibiza que passavam 16h/dia sentados e o resto a dormir, isto ininterruptamente a um ritmo consistente. É de admirar quase tanto como quem se esfola para ter um minuto sem pensar-resistências diferentes pelas quais se pode optar (e alternar...).