Salvador da Bahia- "A Cidade da Felicidade"

Salvador 7.50 da manha, Laranjeiras´s Hostel. Aqui o Sol é regra, desde que cheguei nao sei o que é a sombra de uma nuvem.
Ontem passei o dia a conhecer o centro da cidade, as redondezas do pelourinho. Andei sempre por minha conta e a pé. cheguei ao fim do dia de rastos. Igrejas tem muitas mas só entrei em uma, pois nota-se que a influência POrtuguesa é marcante e eu tenho interesse em conhecer coisas novas.
Bem Terreiro. Paguei uma visita guiada ao "templo" do Candomblé, uma religião de origem africana importada aquando da chegada dos escravos de África ao Brasil.
Na altura o catolicismo era preponderante e os grandes senhores nao permitiam nenhuma forma de expressao dos seus submissos (pois eram somente "coisas"). Como tal foram adoptadas formas de contornar esta censura.
os escravos construiram altares com objectos catolicos e debaixo deles guardavam os símbolos de África. é uma religião oral, sem livro, sem uma regra rígida e em constante mutaçao.Transmitida pelas gerações, por isso os mais velhos são muito respeitados. Eu fui a uma das comunidades (que são independentes uma da outra). ONtem foi a louvaçao a Ogum (o Orishas da guerra). Orixa significa cabeça de anjo e eles acreditam que cada um tem o seu dependendo da sua personalidade. Por exemplo, Ogum seria o Orixa dos polícias, militares ou alguem com o ímpeto de defesa/resoluçao de problemas. Existem muitos, muitos e não decorei o nome de todos.
Já tinha ouvido falar de candomblé, mas tinha uma noçao diferente tal como a maioria das pessoas. Usualmente diz-se que é uma religiao de magia negra, que nem a Macumba, mas nao tem nada a ver. No Candomble ninguem chora a morte pois o nosso intelecto fica no mundo, nao necessariamente na terra (o Católico tb acredita na "ressurreiçao", mas mesmo assim chora...).
Fui num local semelhante a uma Sanzala (local onde os escravos antigamente se expressavam). De referir que antigamente toda e qq expressao deste tipo era punida no Brasil e somente em 1989 surgiu uma lei federal que tornou possivel que o Candomble podesse ser vivido sem medo e represálias.
O ritual consiste em muita festa, só festa. Os santos (?), mulheres vestidas de branco dançam ao redor de 1 altar(?) durante muito tempo de 1 forma semi-mecanica a que eles chamam de transe (ou hipnose se quiserem). (aquilo começou as 20,00 e viemos embora as 23,30 e disseram-me que continuava até muito tarde).
Nos eramos a "plateia", havia muitas pessoas assitindo(cerca de 100_so 10 eram turistas, o resto eram "praticantes"). Os homens sao separados das mulheres e no local nao deve haver nenhuma expressao de sexualidade, o respeito impera, mas um respeito muito liberal. As pessoas falam, dançam, riem (muito), saem, entram. Dizem que aqui nada lhes é imposto, quem quiser vem, quem quiser nao vem (nao ha a obrigaçao semanal a que estamos acostumados, que em parte tb discordo). O curioso é que não havendo uma divulgaçao (como os profetas) a religião cresça de uma forma brutal.
Depois desta "dança" entram os Orishas acho q tb em transe (pareciam um cadito possessos, mas tenho q me informar mais para nao dizer disparates). Cada um tem uma pessoa que toma conta deles (limpa o suor, arranja as roupas e orienta-o caso se percam já q estao no "outro mundo").
É curioso e está a ser muito proveitoso para mim: nascemos com uma religião "imposta" com regras e achamos que ela é "A Religião". É certo que sempre aceitei as outras e tenho muita curiosidade em conhecê-las, mas vivencia-las faz com que cresçamos muito.. Gostava muito de entrar no mundo budista(porque não numa proxima vez).
Mas no fundo todas são iguais, objectivos facilmente compreensiveis ou não fossemos nós dotados da mesma "consciencia cósmica". O paradoxo está no que se tem observado: atritos entre elas, guerras e "epidemias de sangue". não por terem fundamentos diferentes na essência, mas devido ao orgulho de cada uma: o de querer ser a maior...
Bem, estou a cumprir o objevtivo que me propus para esta viagem: o de crescer mais um pouco e não o de unica e somente partir para a boemia com um dia de amanha sem sentido algum. Nem 8, nem 80, o equilíbrio, a harmonia é tudo. Não é novidade para ninguem.
Multiply-new fotos
Foto: show de percussão à porta do meu hostel, ontem de manha!!
(ah, estejam atentos à globo, pode ser que eu passe na nova publicidade da "Skol", cerveja daqui. :)
4 Comments:
João,falndo em percussão,se tiveres oportunidade de ver um show do grupo Olodum, não percas! é fantástico! beijo
Excelente descrição do momento vivido João. Um banho de cultura, vivido na primeira pessoa, com a humildade da partilha, aqui no blogue. Adorei e fiquei ainda mais entusiasmado com essas influências africanas. Que será que me espera daqui por menos de 1 mês?
PS.- Fui hoje à farmácia comprar os medicamentos todos para levar e achei giro, que numa das perguntas que fiz, a farmacêutica disse-me: "Ah, mas disso não precisa, só se for para o Kilimanjaro." E eu, pois, é para aí mesmo. Havias de ver a cara de terror da mulher. Fiquei sem perceber se pensou que sou louco ou um grande kilimanjarista... Abraço!
Ola Neto Aventureiro!
Tenho seguido este blog...
Valeu mesmo... :)
Pelo k descreves isso ta ser "Por demais, né?"
Tua madrinha tb já sabe destas tuas andanças, a inveja k nos fazes! LOL
Continua a aproveitar ao máximo e bebe uma caipirinha pela gente!
Grande Abraço,
Eusébio&Helena
João!Que belo álbum de vida escreveste durante A TUA viagem!Alguém disse "Life is not measured by the number of breaths you take, but by the moments that take your breath away." Como engrandeceste!:)Voltar é apenas mais um passo do Caminho... Custa, mas lembra-te o quanto vais sorrir ao olhar para trás!PARABÉNS pelo Viajante que trazes em ti e porque nos permitiste"viajar contigo"!Beijinho,até Portugal!
Enviar um comentário
<< Home